O problema com a naturalidade é que, quando exigida, ela não se realiza. Como elétrons que mudam de comportamento quando observados, a naturalidade não é coisa que podemos fabricar – por motivos óbvios. O clip de lançamento da GE TV indica que a rota vai precisar ser corrigida já de saída: um tratado com indiretas e referências quase juvenis à concorrente na voz de, olha que bem sacado, Regina Casé. Pegaram?
É esse o caminho? Deixar cristalino que a ideia é passear pela trilha já aberta? Eu diria que esse traçado pode ser problemático. Primeiro porque ele representa e celebra o bloqueio da imaginação. Depois porque os índices de sucesso da Cazé TV são bastante altos, a fidelidade do público é imensa e o rosto que dá nome ao canal é único. Casimiro Miguel, gostemos ou não, é o que é. Sem esforço, sem truques, sem desculpas. E está cercado de outros como ele. Suspendamos por agora o machismo explícito que a Cazé TV faz circular. O que ela oferece, além de gratuidade, é naturalidade e autenticidade.
Será que não existe um caminho para fazer um canal de esportes gratuito de outro jeito que não seja buscando fabricar naturalidade? Sem buscá-la, ela pode vir. Boa parte dos profissionais que estão na GE TV são excelentes justamente por serem autênticos, especialmente as mulheres, mas nota-se que a autenticidade, quando passa a ser performance, derrete e escorre pelas mãos. É uma armadilha e o sucesso da GE TV talvez passe por entender como não cair nela.
Já o slogan com referência à “mamãe” é bastante problemático. Mamãe no sentido de tudo fazer? De melhor cuidar? De tudo acolher? De estar sempre alerta e atenta? É um dizer popular, entendo, mas que está defasado, desatualizado, ultrapassado. A audiência que pretende ser alcançada é de jovens e jovens adultos que cansaram de performances e de teatralizações midiáticas. E ela não é facilmente enganada com sorrisos e piadas forçadas, muito menos com infinitos elogios à mamãe Globo e palavrões liberados. Me parece que, se quiser voar, a GE TV terá que entrar na floresta abrindo sua própria trilha. Todos e todas nós ganharíamos muito com esse esforço porque, eu argumentaria, aqueles que gostam do estilo da Cazé TV com ela seguirão. E quem não gosta, como tantos, não é para a GE TV que vai escolher ir. Seria delicioso ter uma nova opção midiática para assistir a esportes que tanto amamos. Gratuita, moderna, inclusiva, disruptiva, leve sem ser imbecilizante e autêntica. Seguirei torcendo. A favor, diga-se.
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