O ano de 2022 foi de extrema frustração para o torcedor alvinegro. Após quatro temporadas consecutivas na elite e com um elenco que prometia brigar por mais, o Ceará amargou a queda para o Campeonato Brasileiro Série B. O rebaixamento foi confirmado na última rodada, um desfecho melancólico para uma temporada marcada por instabilidade e atuações abaixo do esperado.
A seguir, analisamos os pontos cruciais que se acumularam ao longo do ano e culminaram no descenso do Vozão:
1. Instabilidade e Troca Excessiva de Treinadores
Um dos fatores mais evidentes na campanha negativa do Ceará foi a frequente troca de comando técnico. A busca por um “encaixe” ideal resultou em uma rotatividade que impediu a consolidação de um modelo de jogo e de uma filosofia tática.
- Saída de Dorival Júnior: O ápice da instabilidade ocorreu com a saída de Dorival Júnior, que fazia um bom trabalho, inclusive com campanha invicta na Sul-Americana, mas aceitou a proposta do Flamengo. Sua saída desorganizou o time no momento em que a equipe parecia ter encontrado o rumo.
- Ausência de Continuidade: A sucessão de técnicos (começando com Tiago Nunes e passando por Dorival Júnior, Marquinhos Santos, Lucho González e Juca Antonello, no comando interino da reta final) resultou em adaptações constantes e perda de identidade em campo.
2. Queda Brusca de Rendimento no Segundo Turno
O desempenho do Ceará no Brasileirão de 2022 foi dividido por um abismo entre os turnos.
- Primeiro Turno Razoável: A equipe terminou o primeiro turno em uma posição intermediária (12º lugar), com 24 pontos, e um aproveitamento de 42%, indicando uma campanha de meio de tabela e relativamente segura.
- Colapso no Segundo Turno: O time sofreu uma queda drástica de produção na segunda metade do campeonato, terminando com um dos piores aproveitamentos da história do clube em pontos corridos (cerca de 18,5% de aproveitamento), conquistando apenas 10 pontos em 18 jogos até a penúltima rodada. Essa derrocada foi determinante para a perda de posições e entrada na zona de risco.
3. Mau Desempenho como Mandante
Historicamente forte em casa, o Ceará não conseguiu transformar a Arena Castelão em seu trunfo em 2022.
- Aproveitamento Baixo: O clube teve um aproveitamento de apenas 31,5% como mandante, o que o colocou na 19ª pior campanha dentro de casa.
- Empates e Derrotas: Em 18 jogos em casa, o time somou apenas 3 vitórias, além de 8 empates e 7 derrotas. A incapacidade de somar 3 pontos com frequência diante de sua torcida foi um peso enorme na tabela.
4. Falta de Poder de Decisão e Eficácia Ofensiva
Os números finais da campanha também revelam a dificuldade do Ceará em traduzir volume de jogo em gols e vitórias:
- Excesso de Empates: O Vozão foi a equipe que mais empatou no campeonato, com 16 empates em 38 jogos. Se alguns desses empates tivessem sido convertidos em vitórias, o time teria se livrado do descenso.
- Baixa Produtividade Ofensiva: A equipe marcou apenas 34 gols em toda a competição, um dos piores ataques do campeonato, evidenciando a falta de poder de fogo e a ineficácia na hora de finalizar as jogadas.
- Eliminações Traumáticas: A falta de “poder de decisão” também se refletiu nas eliminações precoces no Campeonato Cearense (quartas de final) e na Copa do Nordeste (quartas de final), ambas nas disputas de pênaltis, onde a principal referência ofensiva da época, Vina, acabou perdendo cobranças cruciais.
Conclusão: Um Acúmulo de Erros e Má Gestão
A queda do Ceará para a Série B em 2022 foi a consequência de uma temporada trágica e de erros contínuos, que contrastou drasticamente com a campanha vitoriosa do seu maior rival na mesma temporada. A instabilidade técnica, a perda de performance no segundo turno, a fragilidade como mandante e a baixa efetividade ofensiva formaram uma combinação fatal para o clube alvinegro.












