A volta do Brasil ao calendário de elite da WTA depois de nove anos com o SP Open proporcionou uma rara oportunidade de jogar em casa para as sete tenistas nacionais na disputa de simples, além de outras duas representantes nas duplas. E para muitas delas, é também a chance de jogar diante da família e relembrar memórias de infância.
Bia Haddad Maia sempre aproveitou cada oportunidade de jogar em casa para trazer os avós para vê-la jogar. E após a vitória sobre a italiana Miriana Tona na estreia, escreveu ‘Para os vovôs’ na lente da câmera e se emocionou ao falar sobre eles em quadra.

“Significa muito para mim, jogar pela primeira vez um WTA em casa, em São Paulo. Estava muito animada para entrar em quadra e feliz de jogar na frente da minha família e de pessoas que eu amo”, comentou. “É muito bom sentir de perto a energia dos brasileiros que torcem por nós”.
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Apresentada desde cedo às raquetes e bolinhas, já que a mãe (Laís) e a tia (Telma), são professoras de tênis para crianças, Bia já faz parte de uma terceira geração de esportistas e carrega o legado da matriarca da família, Arlette Haddad, a Miminha, que segue ativa e jogando semanalmente.
Vitórias com sabor de infância
Duas brasileiras que também venceram na primeira rodada do torneio na capital paulista relembraram a infância nas quadras do Parque Villa Lobos. É o caso de Nauhany Silva, de apenas 15 anos, que comemorou uma inédita vitória na WTA no mesmo parque em que visitava com o pai, Paulo, quando criança. Até hoje, o pai acompanha as partidas de perto e sempre carrega uma raquete, para ‘jogar junto’ da filha. Até mesmo a irmãzinha mais nova, Natália, também estava na Quadra Maria Esther Bueno nesta quarta-feira.
“Desde pequenininha eu jogo nessas quadras”, disse Naná a TenisBrasil, durante a coletiva de imprensa após a vitória sobre Carol Meligeni na última segunda-feira. “A gente vinha aos sábados e domingos para treinar. E aproveitava o dia também para andar de bicicleta e tomar água de coco no parque. Eu sabia que todo final de semana eu viria fazer a mesma coisa. Para mim, aqui sempre tem boas memórias e estar aqui para jogar o primeiro WTA é muito especial”.

Quem também voltou às origens foi Laura Pigossi, de 31 anos e medalhista olímpica de duplas em Tóquio. A experiente paulista é outra que jogava no Villa Lobos quando criança e se emocionou ao ver tantos rostos conhecidos nas arquibancadas. Ela terá um duelo nacional com Bia Haddad Maia nas oitavas. “Jogar em casa é sempre uma emoção muito grande, poder olhar para fora da quadra e ver o meus pais, minhas sobrinhas e meu irmão. Foi aqui que eu aprendi a jogar tênis, já joguei várias vezes no Villa Lobos”, disse Pigossi. “Claro que a estrutura não era essa, mas passa o flashback de quando você tem 8 ou 9 anos de idade e sonha ser tenista profissional. Então vencer uma rodada é um sonho, é muito bonito vivenciar tudo isso”.
Emoção também na primeira vitória de Ana Candiotto na WTA, diante da ucraniana Valeriya Strakhova na última terça. Jogando em uma quadra 1 lotada, a tenista de 21 anos teve a companhia da mãe, Débora, e de outros familiares e amigos que acompanharam a partida. “A atmosfera que estava na quadra, com minha família, com minha equipe, que sempre acreditou em mim, acredita em mim. Realmente foi muito especial. Teve um momento ali no jogo que veio um por do sol, a galera gritando meu nome, um dos melhores momentos que eu já vivi em quadra”.
Impacto para as novas gerações e o futuro do tênis

Brasileira mais bem colocada no ranking entre as especialistas em duplas e também medalhista olímpica, Luísa Stefani chegou a vivenciar um ginásio do Ibirapuera lotado para o confronto entre Brasil e Alemanha pela Billie Jean King Cup no ano passado, mas não chegou a entrar em quadra naquelas partidas. Por isso, a estreia ao lado da húngara Timea Babos também marcou uma volta para casa. “Muito feliz de estar de novo jogando em casa depois de tanto tempo. Além do apoio da torcida, também tivemos muitos reencontros com pessoas que querem o bem do tênis feminino e unindo forças para fazer esse evento. É uma oportunidade para todas nós aproveitarmos a chance de jogar em casa e animar todo mundo que fez muito pelo tênis brasileiro nos últimos anos”.
“Obviamente para as novas gerações, é importante ter um torneio desse em casa. Não só para estarem próximas de nós, brasileiras, mas também de ver o nível das jogadoras do exterior. Acho que esse evento é uma grande festa, uma comemoração e que continue crescendo para os próximos anos”, complementou Stefani, que está nas quartas de final nas duplas.
E por falar no futuro do esporte, Laura Pigossi se animou com a presença maciça de crianças assistindo ao torneio: “Foi um momento muito bonito do tênis feminino brasileiro. Vimos muitas crianças aqui. É muito bom ver a quadra cheia, com crianças curtindo e que jogam tênis. Comparado com dez anos atrás, eram muito menos nos torneios. Elas são futuro do esporte”.
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